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Pokégirls: Existe um Estereótipo?

Créditos: Eneco300.
Olá, Thunders!

Aproveitando a última discussão sobre a mais nova Pokégirl, o tema da vez é o estereótipo que dizem existir sobre elas. Será que toda companheira de viagem de Ash se torna mesmo uma Coordenadora Pokémon? 


Para iniciar, precisamos destacar que as Pokégirls do anime é o grupo formado pelas companheiras de viagem do Ash desde o início da sua aventura em Kanto até a atualidade. Em minha opinião, tirando o próprio protagonista e seu Pikachu, essas personagens são as que recebem maior desenvolvimento, até mais do que os companheiros de viagem masculinos do herói, sobretudo, acredito, por o próprio Ash ser um garoto, o que tornaria mais justo o segundo personagem mais desenvolvido em cada série ser uma garota. O problema surge por ser apontado um estereótipo, imagem padronizada e generalizada sobre algo, que faria a grande maioria delas serem coordenadoras, já que costumam associar esse papel como um ramo de características mais femininas, devido ao valor da beleza e situações consideradas fofas.

Realmente, dentro dos padrões sociais, o que conhecemos como Contests, Concursos ou Torneios Pokémon são mais femininos, visto que ligam a imagem das garotas à delicadeza, beleza, etc. Porém, independente de padrões, existem garotas que por espontânea vontade gostam de fazer, e possuem direito, o que classificam como "atividades femininas", além de essas competições terem personagens masculinos em igual quantidade, inclusive um homem é um grande destaque como Top Coordenador, Wallace, antigo campeão de Hoenn. Então, entende-se que uma Pokégirl participar de Contests não tem problema algum, o problema é a maioria fazer isso. Por que não tem garotas fortes como o Ash? Contudo, até que ponto o estereótipo de Pokégirls Coordenadoras e mais fracas é real?

Para começar, sem contar com a ainda indecisa em seu sonho Chloe e a jovem demais Bonnie, existem oito Pokégirls. É inegável que nenhuma delas possui maior ou igual foco ao Ash, porém, é preciso lembrar novamente que ele é o protagonista principal do anime, por isso, mesmo que eu compreenda que muitos queiram um desenvolvimento ainda maior para as garotas, é comum que seja ele a ter mais destaque. Porém, para que possamos entender bem se todas essas maravilhosas treinadoras são tão encaixadas no padrão feminino assim e não tão fortes quanto o garoto Ketchum, vamos analisar de uma em uma.

Misty é uma treinadora e Líder de Ginásio do tipo Água, reconhecidamente forte e adorava competir com Ash. Apesar de não ter a sede de batalha na mesma intensidade do seu amigo, quando se tratava da sua área, Pokémon aquáticos, sempre se mostrava mais do que disposta a entrar em confrontos e provar o seu valor como treinadora. Ficou no Top 8 da Copa Redemoinho, torneio para especialistas do tipo Água, e derrotou Ash; foi a única companheira de viagem a batalhar em um ginásio, ainda que não oficial, e não perder; em "O Mentor do Pokémon Miragem" é reconhecida como uma forte treinadora ao lado de Ash; conseguiu treinar um feroz Gyarados e ter acesso à Megaevolução com ele; aos 10 anos, assumiu um ginásio e se provou como capaz de liderá-lo e vencer batalhas como uma forte treinadora. Misty até demonstrava apreço por romance e moda, mas isso costumava ser colocado em segundo plano para focar no seu dever como Líder de Ginásio.

May é uma coordenadora que no início não tinha interesse por Pokémon, até descobrir a sua verdadeira vocação. Apesar de sua relação com Ash ser menos turbulenta, vez ou outra, a dupla rivalizava bastante, e, mesmo que menos experiente, a garota conseguia bons resultados como em "Pasta la Vista" e "Mais Uma Vez Cambaleando", no qual empataram em batalhas. Isso sem contar que, mesmo em Contests, seu estilo de batalha era muito ofensivo, tanto que isso que a fez partir em uma viagem sozinha, e venceu diversos deles, pelos menos, até onde se sabe, 13, tendo que ser boa em batalhas também para isso. Ainda é importante destacar como ela gosta de usar seus Pokémon em confrontos como em sua visita a Sinnoh, por conta própria escolhendo levar seus amigos para um restaurante no qual só comeria quem vencesse uma batalha em dupla. Por outro lado, não se pode negar que May é uma amante de romance, moda e "coisas fofas", detalhes que, inclusive, criavam grandes divergências entre ela e Ash.

Dawn também é uma coordenadora, mas mostrava esse sonho desde a sua introdução no anime. Quando batalhava contra Ash, era mais para desenvolver novos movimentos, tanto para estratégias do herói em ginásios, quanto para as suas apresentações nos concursos. Porém, ela conseguiu grandes feitos como ser vice-campeã da Competição de Batalhas em Dupla da Cidade de Hearthome, ficar no top 4/8 do Desafio de Batalha do Festival de Twinleaf e Top 8 no Torneio Mundial da Copa Júnior de Pokémon. A verdade é que em nenhum desses ela conseguiu se sair tão bem quanto Ash, e também era muito ligada ao amor por moda e Pokémon fofinhos que May tinha, mas nada muda como foi o primeiro amigo do herói a batalhar contra um Elite 4, Lucian, e um líder de ginásio oficial, Maylene, ainda que tenha perdido ambas as lutas. Ainda vale destacar que ganhou 5 fitas e foi vice-campeã do Grande Festival de Sinnoh, que, mesmo envolvendo a beleza, também contava com batalhas, e empatou com o herói quando batalharam em Unova, em seu breve retorno para o anime.

Iris é uma treinadora de Pokémon do tipo Dragão que rivalizava bastante com Ash, apesar de poucas vezes transformarem isso em batalhas. De qualquer forma, a jovem conseguiu muitos feitos, como se tornar vencedora do Clube de Batalha, derrotando Ash; ficou entre os Top 8 do Clube-Explosão e Top 4 do Torneio Mundial da Copa Júnior de Pokémon; além de ter ficado no Top 16 do Torneio da Copa Marinha e da Competição de Pokémon Sumô, algo que já não é tão bom, mas não deixa de ter seu mérito. Detalhes dignos de menção são a vontade de Drayden de torná-la sua sucessora como Líder de Ginásio de Opelucid, a batalha acirrada que travou contra a Líder de Ginásio Clair e que é a única personagem principal além do Ash a batalhar contra um campeão, Cynthia. Isso sem mencionar que Iris participou de muitas batalhas antes de conhecer o herói, vencendo 99 confrontos seguidos, e era um prodígio da Vila dos Dragões. Por ser aventureira e mais selvagem (no sentido de se locomover nas árvores), acaba se afastando do padrão feminino tão apontado.

Serena é uma Performer Pokémon e, talvez, uma das Pokégirls com relação mais amigável com o Ash. Mesmo que ela tenha conseguido vencer três Exibições Pokémon e se tornado Vice-Campeã da Classe Mestra, todas essas conquistas foram fora do campo das batalhas, o que de forma alguma diminui o seu desenvolvimento, mas a coloca em uma posição delicada na cobrança dos fãs por garotas tão fortes quanto o protagonista. Seu maior feito em batalha foi a participação na Pokémon Colônia de Férias, na qual venceu ao lado de Ash e Clemont. Para além, seus confrontos notáveis foram em "Batalhando no Volume Máximo", quando se passou por Ash e usou Pikachu em uma batalha; em "Batalhando com Elegância e Um Grande Sorriso", quando conheceu Aria; no arco final do Zygard, não medindo esforços em ajudar e liderando a missão de salvar o Chespin da Mairin; e em "O Primeiro Dia do Resto da Sua Vida", no qual enfrentou Ash e mostrou como evoluiu ao lado de Braixen nos combates. Educação, sensibilidade, instinto protetor, talento, gosto por moda e dom de costura são algumas das suas qualidades, porém, são os principais motivos para se tornar alvo de críticas. Por outro lado, vale lembrar do seu poder de escolha, pois, durante toda a sua jornada, Serena deixou claro que só faria o que ela, e somente ela, quisesse fazer.

Vitória é uma estudante da Escola Pokémon e treinadora especializada nos Pokémon do tipo Água. De início, ela não mostrava tanto interesse em batalhas, mais em pesca e em treinar bolhas do Popplio, porém, com o passar dos episódios, provou-se uma treinadora muito competitiva, estratégica e amante dos combates. Seus principais feitos que revelaram a sua força foram a conclusão do desafio da Ladeira Brooklet, que a concedeu o Hidrolium Z; e sua participação na Liga Alola, ficando no Top 8. Outros dois detalhes importantes são que ela é a primeira colega do Ash a desenvolver seu inicial até a forma final primeiro do que ele, além de ser a única a ter um Cristal Z específico, Primarium Z. Vitória é calma, muito corajosa e centrada, apesar de gostar de contar mentirinhas para brincar. Mesmo que tenha interesse por batalhas, não parece rivalizar com Ash, tendo uma relação muito amigável com ele.

Lílian é uma estudante da Escola Pokémon e uma garota muito dedicada. Principalmente por seu trauma, demorou muito para ter contato com os Pokémon e não demonstrou interesse em batalhas. Seus únicos grandes feitos envolvendo confrontos foram ficar no Top 16 da Liga Alola, batalhar ao lado de Chris contra Brock em "Quando Regiões se Enfrentam", enfrentar junto com um Sandshrew de Alola um Tyranitar e ganhar o Gelium Z em "Uma Aventura Cavernosa" e ajudar seus amigos a expulsarem um Guzzlord no episódio "Confronto de Movimentos Z". Lílian se mostra muito educada, bondosa e inteligente, tendo conhecimentos de várias áreas. Também gosta de tirar fotos e não tem aptidão atlética. Assim como Serena, não possui muitas características que a faça fugir dos padrões femininos, exceto se considerar o seu prazer por leitura e obtenção de conhecimento como destaque para a sua "independência", e também possui uma relação muito agradável com Ash.

Por fim, Lulú é estudante da Escola Pokémon, especialista em Pokémon do tipo Planta e cozinheira. Por desde o início seguir o seu sonho de ser uma cozinheira que consiga fazer pessoas e Pokémon felizes, a personagem não costuma participar de batalhas e nem capturar Pokémon. De qualquer forma, possui alguns poucos momentos envolvendo lutas: como ter chegado ao Top 16 na Liga Alola; batalhado ao lado de Vitória contra Misty; ter ajudado seus amigos durante a jornada para resgatar Samina no mundo dos Nihilego; e enfrentar com os amigos um Guzzlord em "Confronto de Movimentos Z". De forma geral, Lulú é bastante animada, amigável e superprotetora, cuidando como uma verdadeira mãe dos seus colegas, o que reflete na sua amizade com Ash. Apesar de não ser tão dedicada às batalhas, vale destacar que Tsareena, seu principal e único Pokémon, demonstrou interesse e a própria treinadora disse querer se tornar mais forte depois da liga.

Depois de relembrar importantes feitos em batalhas e a principal forma de atuação de cada uma das Pokégirls, é notável que afirmar que em grande maioria elas são coordenadoras é uma mentira. Só para iniciar, entre as oito, somente duas são coordenadoras, no máximo três, por Serena ir se aventurar nessa área também ao final da sua jornada em Kalos, além de, por si só, as Exibições Pokémon serem parecidas com os Contests. Então, nem metade das garotas são coordenadoras, por isso, parem de insistir em algo que não é verídico!

Sobre comportamentos em si, não posso negar como May, Dawn e Serena puxam muito dos padrões femininos pelo sonho que possuem, mas elas têm o total direito de serem "femininas". A desconstrução é importante, e sou um grande apoiador da quebra dessa necessidade de seguir um modelo, porém, não significa que o inverso se tornou o correto, ou seja, não ser o que o padrão chamaria de "feminino" não é uma nova regra que devemos impor. Ao contrário, não deve existir regra alguma! Portanto, que tenham as garotas mais "femininas" e as menos, contanto que elas estejam sendo o que quiserem ser, sem falar que as Pokégirls dos Contests e  Exibições podem ser tão fortes quanto qualquer treinador que busque insígnias.

Um exemplo é a Lulú, que é cozinheira e uma verdadeira mãezona, mas não porque a obrigaram a ser assim, e sim por ser algo de sua família. Ela acaba tendo características do padrão feminino, não é uma coordenadora e tudo bem! A Lílian também, outra não coordenadora com traços mais dentro do padrão, mas que é extremamente estudiosa e afastadas das batalhas por se sentir melhor assim, também não tem problema. Por outro lado, existe a Misty, Iris e Vitória, treinadoras excepcionais e que, pelo menos as duas primeiras, rivalizam com o Ash, por isso, deve-se parar de dizer que não existem Pokégirls fortes. Sem falar que todas as outras também são fortes, mas de sua maneira. As que estão dentro do padrão, May e Dawn, são coordenadoras e rivalizam em poder de batalha com o herói. Serena disse não para o destino que sua mãe escolheu para ela, disse não para o que Palermo definiu para ela, escolheria apenas o que a fizesse se sentir bem. Então, deixem-nas em paz.

E, se pararmos para pensar, para cada sonho há uma explicação. Misty e Iris são treinadoras que gostam de batalhas e querem ser as melhores em seus respectivos tipos por serem Líderes de Ginásio nos jogos, a segunda ainda se tornando campeã. May e Dawn são protagonistas das regiões que existem os Contests. Se Ash já pegava as insígnias, decidiram botar elas para irem atrás das fitas, pois seria repetitivo que tivessem que vencer cada Líder de Ginásio desafiado pelo garoto também. O que fazer com Serena que também é protagonista nos jogos de Kalos, mas não pode ir atrás de insígnias para evitar ficar repetitivo? Surgiram as Exibições Pokémon, que trazem todo o conceito de beleza por trás da simbologia da região, ao mesmo tempo que lembra os Concursos Pokémon dos remakes Pokémon Omega Ruby e Alpha Sapphire. Para diferenciar Lulú e Vitória, fizeram somente a segunda seguir mais o seu lado de Trial Captain, especializando-se em batalhas, mas sem abandonar a conexão com o mar, enquanto a primeira se voltou mais para culinária, algo característico seu também nos jogos. E Lílian, assim como nos games, não gosta de Batalhas Pokémon, mas ama ler.  

Não me farei de cego, realmente existe um déficit em um rival principal para Ash do gênero feminino. O único real rival feminino que o protagonista teve foi a Bianca, e, mesmo assim, ela não foi tão desenvolvida e nem muito relevante dentro da história como Trip, por exemplo. Por isso, entendo e sou um dos que querem uma forte e em destaque rival feminina para o garoto de Pallet. Talvez a Marnie? É uma possibilidade que adoraria! Apesar de tudo, ainda que existam as Pokégirls mais e menos delicadas, todas possuem sua força. Existem as que batalham, as que fazem apresentações ou as que simplesmente preferem fazer atividades do nosso mundo real, mas que se desenvolvem e merecem respeito da mesma forma.

Em suma, o estereótipo de personagens principais femininas coordenadoras é falso, e, por favor, não continuem a insistir nisso, basta contar. Sobre o quanto as garotas estão nos padrões femininos e longe da figura focada em batalhas que é o Ash, existem as que seguem o mesmo caminho que ele e se destacam nos confrontos: Misty, Iris e Vitória. Também existem as dos Constests, que, por sinal, também exigem batalha: May e Dawn. E outras distantes dos confrontos, mas igualmente em evolução nos seus objetivos: Serena, Lílian e Lulú. Resta, agora, aguardar o desabrochar da Chloe sem que haja uma pressão para que siga algum lado específico. Para fugir do falso padrão de coordenadoras, não criemos um novo padrão de batalhas. Que cada Pokégirl seja o que quiser, de preferência sempre englobando um sonho diferente, e que possa ser respeitada e admirada por isso.


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Sobre Ersj
25 anos, Recife-PE, tem Pokémon como a sua franquia preferida desde os 7 anos. Sua mídia favorita é o anime, seguida dos jogos da saga principal e de Pokémon Go. Ama livros e séries, principalmente de fantasia; os filmes que mais assiste são animações, e “Imagine Dragons” é a banda pela qual tem maior apreço. Seu Pokémon predileto é o Pikachu e seu maior sonho é se tornar um escritor.
E-mail: ersj@pokemothim.net

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