Nos Bastidores do Anime: Como Escolhiam os Companheiros de Viagem do Ash!

Créditos ao artista Juan Salvador P. Raza

Olá, Thunders!

Quando estava prestes a ser anunciada uma série nova, era comum especular quais seriam os novos companheiros de viagem do Ash. Mas, existe um padrão nessas escolhas? Na época em que Sol & Lua estava chegando ao fim, nas minhas teorias sobre o anime de "Espada & Escudo", antes de Jornadas ser revelada e surpreender a todos, achei uma lógica que nunca vi ser comentada em lugar algum e acredito merecer ganhar uma postagem própria. Curiosos? Divirtam-se com a leitura! 

Primeiramente, cabe pontuar um detalhe que frequentemente é levantado como uma dúvida: por que os protagonistas masculinos dos jogos não viajavam com o Ash, assim como algumas das protagonistas femininas? Simples, porque Ash os simbolizava. Não é surpresa para ninguém que o garoto Ketchum foi baseado no Red, personagem masculino jogável da maioria dos jogos de Kanto, da saga principal. Acontece que, ao ir para as outras regiões, embora não deixasse de ter sua aparência física baseada no primeiro protagonista da franquia, o herói simbolizava os outros protagonistas também, algo mais representado pela semelhança de suas roupas. Provavelmente, esse não era o plano inicial, o que explica a adaptação de Ethan para Jimmy, em Pokémon Crônicas, e Ash não ter as roupas tão fortemente baseadas nesses outros protagonistas até Hoenn. 

A partir na série Rubi & Safira, os garotos dos jogos passaram a aparecer não adaptados e apenas na introdução de alguns filmes, como Brendan, Lucas e o próprio Ethan fizeram. Então, eles até existiam, mas o herói de Pallet já funcionava como uma versão deles convertida para o anime, além de que seria desinteressante um companheiro de viagem que fizesse as exatas mesmas coisas que Ash, batalhando em todos os ginásios antes ou após ele. Dessa forma, os protagonistas dos jogos como companheiros de viagem estava fora de cogitação.

Olhemos, então, para quem foram os companheiros de viagem masculinos de Ash, uma vez que o padrão aqui é mais óbvio: sempre os Líderes de Ginásio mais novos de determinada região. Depois que decidiram substituir o Brock ao fim das aventuras por Sinnoh, a mesma ideia aplicada a ele foi mantida com Cilan (Unova), Clément (Kalos), Chris e Kiawe (Alola). Qualquer um desses comparados aos Líderes de Ginásio das suas respectivas regiões, nitidamente, levam a conclusão de que são os mais novos. No máximo, a exceção seria Luan (Ilima), mas é mais velho do que pode parecer.

Nesse ponto, cabem algumas explicações: os Capitães de Prova entram facilmente na lógica, por serem como os Líderes de Ginásio em Alola; Tracey foi só uma tentativa de substituir Brock devido à sua aparência, algo que se provou desnecessário e resultou em uma nova troca entre eles; Max não funcionava como "o companheiro de viagem masculino de Hoenn", foi mais uma extensão da May, ainda que, não sendo ela a protagonista nos jogos, a personagem ganhe um irmão em seu núcleo familiar, isso apenas ocorre em Pokémon Emerald; e a escolha do Cilan no lugar de Chili ou Cress deve ter se dado tanto pela personalidade, quanto pelo primeiro inicial do garoto em Unova ter sido Oshawott, o que, nos jogos, faria com que Cilan fosse o personagem a enfrentá-lo no Ginásio de Striaton. 

Sem mistério até então, certo? Passemos agora para as Pokégirls e a parte mais original dessa matéria. Para entender a escolha das companheiras de viagem femininas do Ash, é preciso se ter duas coisas em mente: a primeira que ele sempre vai funcionar como o protagonista masculino do jogo. Ou seja, se o anime fosse o game, nós, telespectadores, teríamos o escolhido. A segunda é que a protagonista feminina dos jogos só vai acompanhar Ash no anime se ela coexistir com o personagem masculino ao escolhermos ele para jogar. Ou seja, se quando você escolhe usar o garoto no seu jogo, a garota participa como personagem de apoio ou rival, ela estará no anime; mas, caso simplesmente não faça parte da história se o menino for escolhido, a menina não será levada para a adaptação e sua substituta seguirá o padrão masculino do Líder de Ginásio mais novo.

Serei mais claro, mostrando como foi feito na prática. Em Pokémon Red & Blue/Green, ainda não haviam criado a Leaf, protagonista feminina dos jogos futuros de Kanto, por isso a escolha para viajar com Ash foi Misty, Líder de Ginásio do sexo feminino mais nova da região. Na trama de Pokémon Gold & Silver, igualmente não existia uma protagonista feminina e a região de Kanto ainda fazia parte deles, mantendo a treinadora de Pokémon aquáticos como companheira de viagem no anime. Somente em Pokémon Crystal se pôde escolher a Kris como personagem jogável feminina, mas, ainda assim, ela não participava do jogo se você selecionasse o Ethan. Essa coexistência dos dois protagonistas dos jogos, em Johto, só passou a existir nos remakes Pokémon HeartGold & SoulSilver, sendo agora a Lyra a garota jogável. Tanto é que, quando isso aconteceu, ela fez uma breve participação no anime, na época da série Diamante & Pérola.

Mas, antes mesmo desses remakes, com o protagonista do sexo oposto ao escolhido pelo jogador funcionando como rival/personagem de apoio, a ideia havia estreado nos jogos Pokémon Ruby, Sapphire & Emerald. Sendo assim, ao se escolher Brendan, equivalente ao Ash de Hoenn no anime, May aparecia vez ou outra no decorrer do game, o que a levou a acompanhar o herói de Pallet na animação também. Na série seguinte, o mesmo ocorreu com a Dawn, que auxiliava o jogador quando escolhia o Lucas, nos jogos Pokémon Diamond, Pearl & Platinum. Como era possível pegar insígnias e participar dos Concursos Pokémon nos jogos de ambas as regiões, e Ash já cumpria o papel de pegar os distintivos de batalha, a May e Dawn foi dada a ambição de serem Top Coordenadoras.

Partindo para Unova, quando se escolhe o Hilbert, em Pokémon Black & White, ou o Nate, em Pokémon Black 2 & White 2, Hilda e Rosa até existem no jogo, mas só aparecem muito especificamente em batalhas do Trem de Batalha, não acompanhando o jogador. E isso é ainda mais figurativo, já que a ideia é que você jogue com um amigo online, mas, se não tiver como, o jogo permite que batalhe ao lado de uma delas. Na realidade, a Rosa ainda faz uma única e breve participação no próprio cenário, em Nimbasa, em Black 2 & White 2, mas, além de ser bem irrelevante, nesse ponto, a série BW já existia. Consequentemente, a companheira de viagem no anime seria a Líder de Ginásio mais nova da região: a Iris. 

Por outro lado, em Pokémon X & Y, ao jogar com o Calem, Serena interagia constantemente com o jogador, por isso foi levada ao anime como outra companheira de viagem do Ash. Contudo, a única outra coisa que o protagonista podia fazer nesses jogos, além de pegar insígnias e almejar ser um(a) Grã-Duque(sa), eram os Vídeos Promocionais de Treinador, que foram adaptados para o anime como Pokévisão, interesse inicial de Serena. Isso até a proximidade do lançamento dos jogos Pokémon Omega Ruby & Alpha Sapphire, quando passou a participar das Exibições Pokémon, que pareciam ser uma mistura do conceito dos Concursos Pokémon recuperados nos remakes com o dos Concursos de Beleza tão famosos na França, país que inspirou a região. E, assim como Max, Bonnie entrou como adição ao time por nos jogos também ser a irmã caçula do Clément. 

Nos jogos Pokémon Sun & Moon, se o jogador optasse pelo Elio, a Selene ficava ausente da narrativa, o que fez os roteiristas do desenho recorrerem novamente às Líderes de Ginásio mais novas da região; ou melhor, às Capitãs de Prova. Mas, por que a Acerola não foi escolhida? Simples, ela também era uma Elite 4, o que tornavam Lulú e Vitória as únicas com idade menor disponíveis. E quanto a Lílian? Apesar de Selene não desempenhar um papel de apoio ao Elio nos jogos de Alola, a Lílian carrega essa função, tendo bastante participação na história e uma idade adequada, o que explica a sua introdução no anime. O desgosto inicial da personagem por batalhas foi transformado, na animação, em um primeiro objetivo de superar o medo dos Pokémon, devido a um trauma, já interligando com uma série de questões familiares que foram se tornando novos objetivos da Pokégirl até o fim do anime.

Seguindo a lógica apresentada, se Jornadas não tivesse acontecido, quais seriam os companheiros de viagem de Ash na hipotética série "Pokémon Espada & Escudo"? Teríamos Allister e Marine (Marnie) ou Bia acompanhando o herói. Isso porque Glória, protagonista feminina dos jogos, não funciona como rival/personagem de apoio quando escolhemos Victor como personagem jogável. Assim, os Líderes de Ginásio mais novos seriam os três já citados, o que, inclusive, pode explicar todo o destaque que Allister e Bia tiveram em Jornadas, já que possivelmente seriam eles os companheiros de viagem do Ash por lá, como mais novos dos seus respectivos sexos. Caso Marine contasse, já que assume o posto só no fim dos jogos e antes funciona como rival – embora isso talvez encaixasse ainda melhor com o seu desenvolvimento no anime e seja mais jovem que a Bia – é ainda mais provável que fosse ela no lugar da lutadora. Seria a primeira vez que o herói teria companheiros de viagem especialistas nos tipos Fantasma e Lutador ou Noturno. 

E os personagens de uma série "Pokémon Escarlate e Violeta", no lugar de Horizontes? Assim como Glória, Juliana (protagonista feminina dos jogos da nona geração) também não funciona como rival e/ou personagem de apoio quando escolhemos jogar usando o Florian, personagem masculino. Desse modo, ambos os companheiros do Ash seriam os Líderes de Ginásio mais novos de cada sexo. Acontece que em Paldea não há nenhum tão aparentemente jovem assim, mas acredito serem o Grusha e a Kissera (Iono) os que mais se encaixam. Por parte dele, que poderia ser mais jovem na animação, seria legal Ash ter um primeiro companheiro de viagem especializado no tipo Gelo, além de poder aprofundar seu passado com o snowboard, abandonado devido a uma lesão. Já com ela, especialização no tipo Elétrico não é novidade, graças a Clément, mas uma streamer certamente sim! As interações seriam hilárias, ainda mais se pensarmos no contraste entre as personalidades desses dois líderes.

Outra possibilidade que vale ser mencionada diz respeito aos personagens de apoio de Pokémon Scarlet & Violet. Nemona seria a principal rival, então, fora de cogitação. Porém, Penélope (Penny) é muito jovem e tem bastante história para contar, por conta de detalhes secretos aprofundados no decorrer da trama. Como nessa linha do tempo a Cloe não existiria, seria interessante ver uma treinadora de Eeveelutions acompanhar o Ash pela região de Paldea. Já o Arven, queridíssimo entre os fãs, seria outro personagem que somaria bastante, tanto em termos de história – por todo o seu envolvimento com os Totens e com os professores da região – quanto por suas habilidades gastronômicas sempre bem-vindas entre os acompanhantes do Ash. Seu grande problema, assim como Grusha, é a idade, pois já parece ser adulto. Ainda assim, o anime poderia fazer dele um Brock/Tracey/Cilan de 15 anos. Essa possibilidade seria ainda mais interessante pois Arven e Penélope seriam também colegas do Ash da academia de Mesaledo.

Não esqueçam que isso tudo é só uma teoria, mas que me parece ser bastante plausível e até chega a explicar os objetivos que cada um desses companheiros de viagem tinham dentro da animação. Ainda é válido destacar que Goh e Cloe ficaram de fora por partirem de uma série mais solta de Galar, fugindo do padrão. Mas, acreditam que a teoria faz sentido? Qual Pokégirl não adaptada gostariam de ter visto viajar ao lado do Ash? E, particularmente o que mais gostaria de saber, o que acham desses possíveis trios de Galar e Paldea que não chegamos a conhecer enquanto companheiros de viagem? Adoraria ler as suas opiniões! 

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